A falta de um ambiente saudável, além de gerar desgaste no relacionamento entre os colegas, pode provocar doenças graves, como o infarto
Quando se fala em problemas emocionais relativos ao trabalho, várias situações podem favorecer o estado de estresse. Em algumas clínicas médicas, a recepção está sempre lotada de pessoas aguardando atendimento, funcionários com dificuldade em lidar com o excesso de atividades, com tarefas que se acumulam ao longo do dia, sofrendo pressão por resultados e com falta de tempo até para um intervalo. Esse é um cenário ideal para uma rotina estressante.
Se este caso lhe parece familiar, então, é hora promover maneiras eficazes de reduzir o estresse diário no ambiente de trabalho. Para isso, bastam alguns ajustes para garantir o equilíbrio de todos, manter os colaboradores mais motivados e produtivos, deixando os pacientes mais confortáveis em sua clínica.
Quais as doenças resultantes do estresse?
Primeiro, é necessário saber que o estresse no local de trabalho vai muito além do convívio com pessoas irritadiças e sem paciência. A falta de um ambiente saudável, além de gerar desgaste no relacionamento entre os colegas, pode até provocar doenças graves, caso o sentimento seja vivenciado por períodos extensos.
Entre os males, estão a ansiedade, depressão e a Síndrome de Burnout, distúrbio emocional que causa esgotamento, exaustão mental e física. Esse desgaste ocorre quando há excesso de pressão, responsabilidade e competitividade. Os problemas ainda podem envolver queda de cabelo; insônia frequente; gastrite; diminuição ou aumento do apetite; perda do desejo sexual; bruxismo; perda da imunidade; dentre outros malefícios.
Em casos extremos e mais graves, o estressado pode ser acometido por infarto, acidente vascular cerebral (AVC), e na pior das hipóteses, até desenvolver um câncer. É essencial criar uma atmosfera saudável, para que todos tenham uma rotina o menos estressante possível dentro da clínica.
Delegar e motivar os colaboradores
Como dono da clínica, o empresário é exigido com variadas responsabilidades. Muitos acabam descarregando nos colaboradores, que respondem com comportamentos à altura. Esse círculo vicioso é bem negativo, pois, o paciente acaba sendo vítima do clima interno ruim. Para evitar excesso de afazeres, a orientação é delegar.
Alguns empreendedores resistem em incumbir tarefas aos funcionários e querem abraçar o mundo com as mãos. Acham que ao fazerem atribuições, podem ser vistos como incapazes. Também há o receio de que os outros façam errado, gerando prejuízo ao negócio. Essa é uma ideia errada, já que como médico, precisa também estar em consultório. Mais do que dono de empresa, também é necessário que seja líder, e como tal, deve entender que o trabalho tem melhores resultados quando realizado em equipe.
O empreendedor pode e deve motivar seus liderados, acompanhar e ajudar a conduzir os processos. Tentar entender a personalidade dos funcionários da clínica é um excelente caminho, pois você saberá como deixá-los mais incentivados. Com isso, haverá mais leveza nos relacionamentos interpessoais, respeito e cada um terá maior clareza de seu papel na empresa.
Desestimular as fofocas
Todos sabem o potencial nocivo das fofocas. Semear informações particulares sobre a vida pessoal de terceiros, além de gerar discórdia, contamina o clima organizacional, cria competitividade exacerbada. Além disso, faz com que o alvo dos burburinhos fique estressado, falte mais ao trabalho e tenha menor produtividade. No caso de uma clínica, impacta até mesmo na reputação da empresa e seus funcionários diante dos pacientes. Ou seja, não há nenhuma utilidade nas ‘conversas de canto’.
Também há fofocas sobre questões internas da empresa. Para desestimular essas situações, é importante agir com transparência, deixando claro que buchichos não são bem vindos no local. Os funcionários normalmente esperam dos superiores uma comunicação honesta sobre o que ocorre dentro da empresa.
Segundo a revista Forbes, “quando eles [gestores] não compartilham informações relevantes, a equipe acaba tendo de preencher os buracos para ter ideia do que está acontecendo. Isso somado à troca insuficiente de informações e à necessidade dos funcionários de pertencer, ser valorizado e ser importante, resulta em um terreno fértil para a fofoca”.
Estabelecimento de metas executáveis
No momento de estabelecer metas para os colaboradores, algumas empresas escorregam e colocam objetivos irreais e até difíceis de executar. Vamos supor que em reunião com a equipe, a secretária ficou incumbida de aumentar a quantidade de pacientes agendados e consultas finalizadas em determinado período.
Algumas estratégias definidas foram: diminuir o tempo de espera para atendimento na recepção; captar novos pacientes; ligar confirmando consultas agendadas; fazer contato para verificar agendamento do retorno; tentar falar com aqueles que não responderam a torpedos SMS ou outros meios tecnológicos, como WhatsApp ou e-mail. Porém, o gestor desconsiderou que a profissional organiza os prontuários dos pacientes; faz inventário da clínica, controla estoques e pedidos de insumos; gerencia toda agenda da clínica; auxilia administrativamente na parte financeira; e muitas vezes, até faz o pagamento de salário dos outros funcionários.
Claro que dar conta de todas as novas demandas e ainda das demais atribuições, é humanamente impossível. Nesse caso, geraria mais resultado alinhar as metas ou contratar uma estagiária ou recepcionista para a divisão de tarefas.
Esteja atento ao excesso de competitividade
O excesso de competitividade é uma das causas de estresse no âmbito laboral. Há uma diferença entre competição saudável, que estimula a pessoa a evoluir e melhorar, e a competição exagerada, que a leva a ‘puxar o tapete’ dos colegas, criar intrigas ou agir desonestamente. Ser competitivo nem sempre significa ser produtivo, principalmente na área da saúde.
Como dono de clínica, esteja atento ao detectar um clima de competição desenfreada. Faça reuniões mensais e ressalte aos funcionários que todos que contribuem com a empresa podem conquistar seu espaço. Evite comparar os colaboradores, pois cada um tem uma singularidade importante para o cargo ocupado.
Além disso, comparações promovem baixa autoestima, sentimento de rejeição e de incapacidade, o que pode minar a produtividade. Evite trazer problemas pessoais para dentro do ambiente clínico. Por fim, seja um líder que incentiva e promove uma escuta ativa. Exerça uma liderança empática, se colocando no lugar do colaborador, entendendo seu ponto de vista e valorizando as capacidades do profissional.
Por Tatiana Santos